Revista em quadrinhos sem super-heróis


Homem-Aranha voltando de mais um dia de labuta. (imagem: Eneas)Se você não gosta ou tem tanto preconceito que não quer nem experimentar os
gibis com rapazes fortes de colant e moças peitudas de maiô, seguem algumas recomendações de quadrinhos sem super-heróis.

Óia, isso existe? Claro que existe! Existe gibi sem super-herói, sem Mônica e sem Pato Donald também.


O fofíssimo Bone, de Jeff Smith.
Bone, de Jeff Smith são 55 edições de pura fantasia e humor genuíno. O autor nunca negou que roubou inspiração da Disney para criar Phoney, Fone e Smiley Bone, os três primos atrapalhados que são expulsos de Boneville e passam a viver na floresta.

E nem que bebeu na fonte de histórias de fantasia, como O Senhor dos Anéis para criar uma saga com magia, dragões, encarnações do mal e Criaturas Ratazanas burras!

Bone é vencedor de nove Harvey Awards e nove Eisner Awards, incluindo melhor cartunista e melhor publicação de humor.

Depois de publicada, a Editora resolveu encadernar todas as 55 edições num volume épico, o Bone – One Volume Edition. São 1331 páginas que você não sente passar.


Os ratos de MausMaus, de Art Spiegelman reconta a saga do pai do autor, sobrevivente do Holocausto. Spielgman retratou judeus como ratos (maus é rato em alemão), alemães como gatos, americanos como cachorros e poloneses como porcos, dando uma aura de conto de fadas ao maior horror da história humana. Difícil ler imparcial, difícil não torcer para Vladek mesmo sabendo que ele se tornou um velho amargo e preconceituoso, difícil não passar mal com a sequência do trem que os leva para os campos de concentração.

Não é a toa que é vencedor de um prêmio Pulitzer e uma das HQs mais ovacionadas de todos os tempos.

O gibi abre com o pequeno Art tomando um tombo de patins e seus amigos deixando-o para trás, quando ele vai relatar o ocorrido ao velho Vladek, escuta a seguinte frase: “Amigos? Seus amigos? Se trancar eles em um quarto sem comida por uma semana...aí ia ver quem é amigo!” Para engolir seco e seguir em frente.


Wendy, Alice e Dorothy em Lost GirlsLost Girls, de Alan Moore traz Alice, Wendy e Dorothy crescidas e experimentando todo tipo de aventura erótica. Moore mostra pra gente que as histórias vividas por essas moças dos contos infantis não eram bem o que a gente estava acostumado a ler. Uma obra cheia de simbolismos e controvérsias.

Tudo faz mais sentido se você levar em conta que Lewis Carroll (autor de Alice no País das Maravilhas) era pedófilo.

É gibi erótico? É. Tem história? Tem, e das boas. Pode chocar? Pode, mas é por sua conta e risco.


A morena Francine e a loira Katchoo de Estranhos no Paraíso.Estranhos no Paraíso, de Terry Moore não tem vergonha de ter sido escrito para mulheres. Mas muito homem gosta, já que a história não é boba e toca numa série de assuntos. Katchoo e Francine são melhores amigas, dividem a casa e a vida. Katchoo é invocada, bebe pra caralho e está quase sempre de mau humor, enquanto Francine é neurótica, fofa (inclusive no sentido gordelícia de ser) e alegre.

As coisas correm bem para as duas, até que o passado obscuro e sujo de Katchoo reaparece para assombrá-la.

As histórias vão tratar desde traição até prostituição passando por triângulos amorosos, drogas, aceitação da própria imagem e todo um leque de assuntos que, de um jeito ou de outro, fazem parte da vida de todo mundo, seja homem ou mulher.


Preacher, de Garth EnnisPreacher, onde Garth Ennis nos conta a história de Jesse Custer, um pastor do Texas que tem a difícil missão de encontrar Deus para se livrar de Gênese, uma criatura que tem por único propósito acabar com Deus e encarna no pastor, tornando-o o ser mais poderoso de toda a Criação e fazendo Deus cair fora do céu com o rabinho entre as pernas.

A história seria simples e até boba se Garth não começasse a enfiar todo tipo de bizarria que só ele consegue construir. Personagens como a namorada de Custer, Tulip, o vampiro irlandês Cassidy, o Santo dos Assassinos, a organização encarregada de cuidar dos descendentes de Cristo (que por terem passado gerações e gerações reproduzindo-se entre si, foram resumidos a duas pessoas retardadas mentais), Cara de Cu, que ficou deformado após ter tentado se matar da mesma maneira que Kurt Cobain, e por aí vai...

Não recomendo para quem se ofende com lances religiosos, por que é pesado nesse aspecto. Bem pesado, diga-se de passagem.

Pra mim, uma das melhores HQs já escritas pelo ser humano.

Existe mais uma infinidade de HQs que não tratam de heróis, uma infinidade MESMO. Não dá pra colocar tudo aqui, senão fica um post gigantesco, mas vale a pena procurar por elas, é na maioria das vezes, literatura de primeira.

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